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Prólogo

[OP - Simple and Clean]

 

Numa noite de luar, uma jovem rapariga corria apressadamente entrando no pântano. Sem prestar muita atenção à sua volta, havia alguém ou alguma coisa que observava atentamente, à espera pacientemente.

 

Atrás da jovem, um grupo de três jovens rapazes corriam atrás dela. A distância entre a jovem e o grupo de rapazes ficava cada vez mais curta a cada passo, até que um deles consegue apanhá-la encostando-a a uma árvore, ficando rodeada pelos três.

 

O ser que observa pacientemente viu o medo no rosto da jovem e a malícia nos rapazes. O rapaz que a tinha apanhado num movimento violento agarra na camisola da jovem rasgando-a expondo os seios delicados dela. Ela tentou esconder mas o rapaz não deixou, esboçando um pequeno sorriso. A voz fina dela que chamava por ajuda perdia-se no denso pântano.

 

A jovem viu que não ia ter escapatória, no rosto dela várias lágrimas escorriam dos olhos. Mas algo chamou atenção dela, viu um vulto negro com olhos verdes brilhantes entre as árvores a observar, onde num piscar de olhos desapareceu entre as árvores viu dois dos rapazes a transformarem-se em cinzas deixando o outro apavorado afastando-se da jovem começando a correr para a saída do pântano mas sem muito êxito.

 

O vulto voltou de novo para junto da jovem, em que a jovem olhava nos olhos brilhantes do vulto sem mostrar medo tapando os seios com os braços. No momento em que o vulto ia atacar a jovem fecha os olhos lentamente mostrando uma certa tranquilidade no rosto, que por algum motivo fez deter o vulto de atacar, tomando a sua forma humana feminina.

 

A jovem abre os olhos ficando surpresa com a mulher à sua frente que olhava com neutralidade. Ela dá à jovem um pedaço de tecido para poder cobrir-se, começando a afastar-se da jovem, que levanta-se do chão, agradecendo numa voz doce. A mulher pára voltando-se para a jovem um pouco surpreendida.

 

- Isto não é lugar para jovens raparigas se aventurarem.

- Eu sei, mas não tive outra saída senão vir para aqui.

- Hum...

- Infelizmente não posso voltar para casa. - Olhando para mulher pensativa. - Podíamos viajar as duas juntas. Eu tenho conhecimentos em medicina e ….

- Do que estás a falar? Tu não me conheces. Aliás tu por acaso sabes o que sou? - Interrompendo-a num tom sério.

- Sim sei o que és. És uma souleater, mas um pouco diferente do que li. - Num tom firme.

- Como tens a certeza de que sou diferente e que não irei matar-te assim que voltares costas?

- Certeza não tenho, mas alguma coisa fez-te deter de matar-me alguns minutos atrás. - Fazendo uma pausa. - Eu não tenho medo do que tu és. Aliás o meu instinto diz-me que não és nenhum monstro, apenas uma humana que quer ser compreendida, e ser aceite pelo que é, nada mais.

A mulher ficou pensativa em silêncio durante algum tempo antes de falar de novo.

- Eu sou uma nómada, por isso não tenho um lugar a que chame de casa propriamente. 

- Não há problema. Eu sei de um sítio em que podemos viver as duas sem problemas. E ainda podes fazer dinheiro para teu benefício.

- E aonde fica esse sítio?

- Fica em Flotsam, mais corretamente nos arredores de Flotsam.

- Toma, veste isto. - Despiu o casaco que tinha vestido. - A viagem vai ser longa e não irás querer ter de novo outro episódio igual ao de hoje, verdade?

- Obrigada. - Pegando e vestindo o casaco. - Eu sou a Selina.

- Rhoda.

As duas foram ao cais que ficava um pouco afastado da cidade principal, lá Selina falou com o capitão, pedindo amavelmente que as deixa-se subir a bordo, mas este recusa o pedido dela querendo dinheiro em troca. Selina não tinha como pagar a portagem, mas Rhoda sem muitos rodeios pegou numa pequena bolsa de pele fechada e atira ao capitão que fica espantado, em que este dá-lhes passagem para entrar no barco que seguia viagem para Flotsam.

No barco existia muito mais homens do que mulheres a bordo, onde vários olhares curiosos muitas vezes encontravam o olhar de Rhoda mas eram desviados com intimidação dela. No ombro sentiu a cabeça de Selina que acabou por adormecer na viagem, nada disse ou fez, apenas pensou que por algum motivo o destino quis cruzar os caminhos delas.


[ED - Sanctuary]